O ensino da matemática pode ser divertido e ajudar as crianças a duvidarem, questionarem e buscarem soluções para os problemas. Ou seja, a plantar a semente da ciência. É o que prova a experiência da Escola Municipal Francis Hime, no Rio de Janeiro: um grupo de 40 alunos do colégio se reúne aos sábados, espontaneamente, para reforçar o ensino da matemática, de forma criativa e lúdica.
As aulas são um aprofundamento para provas como a 1ª Edição da Olimpíada Mirim/OBMEP - a participação em eventos de matemática é cultura na Francis Hime - e, ao mesmo tempo, ajudam a preencher lacunas no ensino causadas pela pandemia.
Luiz Felipe Lins, professor de matemática da escola, explica que o grupo, composto por crianças do 4º e do 5º ano, começou a ser formado no início do ano. As aulas são dadas por meio de jogos e atividades lúdicas.
“As crianças ficam super entusiasmadas. Quando a matemática faz sentido e elas se sentem desafiadas, e encontram uma solução, isso desperta o interesse delas pela ciência”, afirmou Lins, que organiza o grupo com ajuda de uma ex-aluna e de uma estudante de matemática.
O resultado dos sábados de matemática não se reflete apenas nos prêmios e participação em olimpíadas de matemática de todo o país - mais de 300 alunos fizeram as provas da Olimpíada Mirim.
Mas também na descoberta da ciência pelas crianças. Na aula de artes, por exemplo, algumas alunas que participam do grupo de estudos fizeram desenhos manifestando interesse em se tornarem professoras de matemática.
“Isso retira o mito de que a matemática é inacessível. É importante esse interesse específico desde cedo. Mas o objetivo não é formar professores. E sim a descoberta da ciência, de que é possível resolver problemas, o que será muito importante na vida dessas crianças”, disse Lins.
Realizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a Olimpíada Mirim foi inspirada na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que acontece desde 2005. No dia 30 de setembro, mais de 2,5 milhões de alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental da rede pública, de aproximadamente 3 mil municípios, realizaram a primeira fase da prova. A segunda fase, realizada em 11 de outubro, contou com a participação de 250 mil alunos, de 19 mil escolas de todo o Brasil.
O diretor-adjunto do IMPA e coordenador-geral da OBMEP, Claudio Landim, explica que o objetivo é transformar a relação das crianças com a disciplina. “O principal gargalo do ensino da matemática se encontra nos anos iniciais. A Olimpíada Mirim procura mostrar às crianças que a matemática pode ser divertida. Não se trata de uma competição, mas de uma recreação em torno da matemática!”, comentou Landim.
A 1ª Edição da Olimpíada Mirim/OBMEP é uma realização do IMPA, com apoio da B3 Social, da CAPES e do CNPq, além da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). A competição é promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC).